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Olá, pessoal!
O tema da nossa conversa de hoje será desenvolvido em duas partes, devido à sua importância e complexidade. Então, começaremos agora o nosso bate-papo aqui e terminaremos em nosso próximo encontro. Combinado?
Para iniciar a conversa, pergunto a vocês:
- Existe um livro certo para se contar para uma criança?
- A história deve contemplar uma faixa etária adequada?
Essas são algumas perguntas que surgem em nossas cabeças a partir do momento em que pensamos em contar uma história para as crianças, não é mesmo? Sabemos que ler é um aprendizado e, por isso, podemos compará-lo ao ato de falar, uma vez que uma criança somente fala se tem a oportunidade de ouvir alguém falando perto dela. É escutando, repetindo e imitando que nossos bebês, de repente, começam a se expressar.
De forma semelhante ao falar, o ato de ler é uma construção, talvez mais complexa porque, para isso, é preciso compreender os sons que as letras notam, seja a pessoa um adulto ou uma criança. Porém, será escutando alguém lendo que ela começará a entender o que significa a leitura e qual a sua importância para si e para o convívio em sociedade.
Esses são apenas alguns motivos pelos quais devemos escolher um livro e contar uma história aos nossos filhos, às nossa netas, aos nossos sobrinhos, aos nossos alunos. Além de escutar o texto, eles estarão compreendendo que o livro é um objeto valioso, uma vez que fala de vocês, de mim, dos lugares do mundo que conhecemos ou não, dos valores humanos, das alegrias, das tristezas, enfim, dos sentimentos que fazem parte da vida humana.
Daí a necessidade de saber se existe um livro correto para cada faixa etária de nossas crianças, concordam?
Alguns estudiosos acreditam que um bom livro de literatura infantil é capaz de agradar a qualquer faixa etária, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos, sem a necessidade de indicar a idade para qual a narrativa se destina.
Seguindo esse raciocínio, podemos dizer que essa postura se comprova quando recordamos os clássicos literários. Livros como Chapeuzinho Vermelho, O gato de Botas, A bela adormecida, Rapunzel, O Soldadinho de Chumbo e A gata borralheira foram escritos para adultos, mas as crianças do século XVII ouviam as mesmas histórias, uma vez que compartilhavam os mesmos ambientes.
Por outro lado, na metade do século XIX, estudos da pedagogia e da psicologia trouxeram um novo olhar sobre infância, trazendo a necessidade de adaptar esses clássicos literários para o público infantil. Mesmo porque, passou-se a entender que a criança desenvolve gradativamente a linguagem oral e escrita, existindo também um amadurecimento gradativo no que se refere à compreensão da narrativa.
Nos anos 2000, ou seja, há quase duas décadas, a estudiosa Nelly Novaes Coelho classificou o leitor da literatura Infantil de acordo com sua aptidão no uso de linguagens. Tal classificação ainda é bastante utilizada por professores, mães, pais, tios, avós, entre outros adultos, no momento em que realizam a escolha do livro que irão apresentar a criança.
Assim, Coelho (2000) categorizou em cinco as fases do desenvolvimento psicológico do leitor no que se refere à literatura infantil. Hoje falaremos de dois deles. Vamos lá?
Considera-se pré-leitor a criança que ainda não domina a linguagem verbal escrita, mas começa a nomear os objetos. É a fase de aquisição da linguagem, do conhecimento de mundo por meio do tato e do contato afetivo, momento em que ela precisa pegar, olhar e sentir.
Nesta etapa, para crianças de até 2 anos, são recomendados principalmente os livros: de imagem com figuras grandes e coloridas; de plástico ou laváveis como os livros de banho; aqueles que contenham texturas, que apresentem diferentes sons e outros aparatos, que sejam capazes de estimulá-las no desenvolvimento da oralidade.
Mas vocês podem me perguntar, crianças com menos de um ano fazem parte deste grupo? Sim, pois existem estudos que afirmam que até mesmo dentro da barriga da mãe a criança consegue ouvir. Daí a importância de ler, cantar e conversar com ela ainda no ventre materno.
Já para crianças dos 3 aos 5 anos que começam os seus primeiros “ensaios” da escrita, são indicados livros com enredos breves e divertidos que contenham rimas, músicas e lenga-lengas, animais e muitos outros.
Considera-se leitor iniciante a criança que está ampliando a curiosidade sobre o mundo à sua volta, e por isso tem um contato maior com a escrita. Como já consegue reconhecer palavras e frases escritas, o texto ganha algum espaço sobre a imagem, apesar de a ilustração ainda ser essencial.
Nesta fase, que engloba crianças a partir dos 6 anos, as imagens visuais e verbais são muito importantes e a leitura do adulto as auxiliará bastante, pois fará com que elas percebam que existe um texto, uma escrita para acompanhar as ilustrações. Por isso, são recomendados livros com assuntos claros e do interesse da criança, com ilustrações que ajudem na compreensão do texto.
Como vocês podem perceber, para realizarmos a escolha do livro de literatura infantil, podemos nos pautar nas etapas desenvolvidas por Coelho (2000), pois elas nos ajudarão a optar de forma mais coerente por esta ou aquela narrativa. Mas, antes disso, precisaremos conhecer todas, não é mesmo?
Então, não deixem de acompanhar o próximo texto. Combinado?
Um forte abraço e até a próxima!
Janayna
COELHO, Nelly. Novaes. A literatura infantil: história, teoria e análise. S.P.: Moderna, 2000.
-GREGORIN FILHO, José Nicolau. Concepção de infância e literatura infantil. Linha d'Agua, v. único, p. 107-113, 2009.
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