“É preciso refletir a respeito dessas narrativas junto às crianças, explicando para elas que apesar da importância das histórias europeias, a etnia brasileira é extremamente rica e deve estar presente nos livros de Literatura Infantil.”

 

Olá, pessoal!

 

Para falar com vocês sobre esse tema tão importante, vou lhes trazer uma história que, para mim, deveria estar entre os nossos livros preferidos na estante.

 

A África de Dona Biá

O texto de Fábio Gonçalves Ferreira conta a história de uma menina branca de nome Ana e de uma senhora negra nascida na África. A senhora era conhecida como Dona Biá. Tinha um sorriso iluminado como o sol e uma pele negra como a noite. Certo dia, Ana se depara com Dona Biá e lhe pergunta sobre sua terra natal, a África. A menina se surpreende ao perceber que o continente africano é muito diferente do que ela imaginava. E embarca então numa viagem pelas histórias verdadeiras e encantadoras de Dona Biá. Assim, ela descobre que a África é terra de inúmeros heróis, de reinos fantásticos de invenções incríveis e que abriga até as pirâmides do Egito. Descobre também que essa terra está muito presente entre nós, brasileiros, em nossa gente, em nossa música, em nossa comida, em nossas festas, em nosso folclore, isto é, em nossas raízes.

Mas por que contei essa história para vocês?

Porque a cultura africana deve fazer parte das narrativas que contamos para as crianças, tendo em vista que muitas delas crescem apenas ouvindo histórias de origem europeia muito distantes das características físicas e dos costumes nacionais. Sem desmerecer, de forma alguma, as histórias clássicas como Branca de Neve, Cinderela e a Bela Adormecida, que muito têm a nos ensinar. Defendo a ideia de que é preciso agregar às nossas contações, histórias que tragam como temática central a diversidade étnico-racial e cultural.

Vocês já perceberam que os contos de fadas ocupam um lugar de destaque tanto em nossas casas quando contamos histórias aos nossos pequenos, como nas escolas, pois são utilizados frequentemente pelos professores?
Sabemos que são histórias maravilhosas e que muito colaboram para a compreensão do mundo e do outro por parte das crianças. No entanto, apresentam características genuinamente europeias, trazendo somente personagens brancos, o que pode contribuir para uma construção de estereótipos, tendo em conta que os grupos étnicos como os negros e os indígenas não estão presentes dentro dessas narrativas.

 

Incluindo narrativas nacionais e outras etnias

Por isso, além de contar as histórias europeias, devemos também contar narrativas nacionais que apresentem personagens de todas as etnias, colocando assim outras obras literárias em situação de igualdade com aquelas que já possuem um espaço dentro do nosso repertório literário.

Mas cabe destacar aqui: histórias com personagens negros ou índios devem servir de adubo para combater preconceitos e estereótipos. Narrativas que representavam, por exemplo, o negro como um escravo ou como um empregado ou o índio como um elemento folclórico, como ocorria no passado, não devem ser apresentadas às nossas crianças. É fundamental trazer textos pautados na igualdade e no respeito a diversidade.

Dessa maneira, crianças com acesso a um conjunto de obras de Literatura Infantil que permitem repensar sobre as diferenças étnico-raciais e culturais são incentivadas a refletir sobre as suas identidades, sua cultura, suas vivências, enfim, sobre suas próprias histórias de vida.

Como a África de Dona Biá, outros livros são exemplos de histórias que precisam estar presentes no repertório literário de nossos sobrinhos, de nossas filhas, de nossos netos, de nossas alunas:

Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado;
O menino Nito, de Sônia Rosa;
As tranças de Bintou, de Sylviane A. Diouf e
Chico Juba, de Gustavo Gaivota

Nessas narrativas, podemos perceber de imediato a construção de uma imagem positiva de seus personagens no contexto da Literatura Afro-Brasileira e Africana.

Partindo deste pensamento, reafirmo que é necessário trazer histórias com propostas afirmativas direcionadas as temáticas afrodescendentes e indígenas, tendo como princípio desconstruir estereótipos e preconceitos, pois assim estaremos realmente valorizando a diversidade cultural.

A partir daí, fica a dica: é preciso refletir a respeito dessas narrativas junto às crianças, explicando para elas que, apesar da importância das histórias europeias, a etnia brasileira é extremamente rica e, por isso, deve estar presente nos livros de Literatura Infantil. Mesmo porque é formada por uma diversidade de cores, ou seja, pelos povos indígenas, africanos, imigrantes europeus e asiáticos.

Vou ficando por aqui.

Um grande abraço e até a próxima!

Janayna.

 

 

 

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