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“As crianças, diferentemente dos adultos, tendem a observar muito mais a ilustração da capa do que o título da história, bem como se prendem mais aos desenhos que se encontram no interior do livro, do que à própria narrativa.”
Olá, pessoal!
Hoje vamos conversar um pouco sobre os textos visuais, ou seja, sobre as ilustrações existentes nos livros de literatura infantil, que muito falam e que muito têm a transmitir...
Mas vocês podem pensar: imagens podem ser chamadas de texto? Eu lhes respondo que sim.
No entanto, é importante comentar que a maioria de nós, quando pensa em um texto, quase sempre traz em mente uma quantidade de palavras escritas que dão origem às frases e, por fim, ao próprio texto. Essa é uma das definições da palavra texto, que, neste caso, caracteriza-se como algo escrito. Assim, quando lemos uma história, por exemplo, estamos fazendo a leitura de um texto escrito.
A minha proposta, nesta nossa conversa, é chamar a atenção para o texto visual, que, ao lado do texto escrito, também é de fundamental importância para o encontro da criança com a literatura infantil. Mesmo porque se pararmos para pensar, nós, adultos, temos uma tendência de pensar primeiro no texto escrito ao escolher um livro para contar aos nossos(as) pequenos(as).
Nessa perspectiva, verificamos em primeiro lugar o título do livro, em detrimento da ilustração contida na capa. Não é mesmo? Depois disso, lemos a história e, muitas vezes, pouco observamos os desenhos contidos dentro dele. No entanto, é importante que saibamos que é preciso também observar o texto visual.
Já as crianças, diferentemente dos adultos, tendem a observar muito mais a ilustração da capa do que o título da história, bem como se prendem mais aos desenhos que se encontram no interior do livro, do que à própria narrativa. Até porque, quando são pequeninas e ainda não sabem ler, elas irão olhar com mais atenção as ilustrações. E, mesmo quando já estão alfabetizadas, tendem a valorizar mais os desenhos que dão “vida” ao livro.
Como já temos o hábito de trabalhar o texto escrito ao contarmos histórias, no momento em que as lemos para as crianças, minha proposta é começarmos a depositar a mesma importância no texto visual, ou seja, as ilustrações. Dizendo de outra forma, tal iniciativa significa desenvolver um diálogo entre o texto escrito e o texto visual, tendo em vista que um complementa o outro.
Assim, antes de começar a contar a história, ou até mesmo antes de dizer o título, precisamos trabalhar o texto visual com as crianças, começando pela capa do livro. E somente após esse procedimento devemos ler o título. Sabem por quê?
Porque há muito a se fazer antes de iniciar a leitura da história. Quando a criança é incentivada a imaginar o conteúdo que a narrativa traz a partir de suas ilustrações, isto é, de seu texto visual, estamos estimulando-a a pensar nos inúmeros assuntos que aquele livro poderá apresentar. Dessa forma, damos a ela a oportunidade de imaginar, de criar e de refletir, aspectos esses que são essenciais para o seu desenvolvimento cognitivo, psicológico e social.
Crianças gostam de imagens, não é mesmo? Portanto, explorar primeiramente o texto visual presente na capa do livro e, durante a contação, as demais ilustrações contidas dentro dele, é fundamental para que despertemos nelas a vontade de ouvir a história que estamos propondo.
Para isso, é importante que saibamos que o olhar do adulto é diferente do olhar da criança. Nós, por exemplo, podemos escolher um livro que apresente cores pouco vivas, opacas, simplesmente porque observamos o título do livro e o seu conteúdo, e a partir disso concluímos que o texto tem muito a ensinar para nossas netas, nossos sobrinhos, nossas alunas, nossos filhos.
Porém, se eles(as) tivessem a chance de escolher outro livro, existiria uma grande possibilidade de não fazerem a mesma escolha que nós, uma vez que a maioria prefere capas coloridas e com cores fortes. Então tentem escolher pelas cores; pelo tamanho dos desenhos; por objetos que os pequenos gostam; ou até mesmo pela própria identificação que pode ocorrer entre a ilustração e a criança.
Dentro desse contexto, muitas vezes quando elas acham a capa “sem graça” tendem a pensar que a história também não tem “graça”, principalmente porque gostam de imagens vibrantes que fazem parte do universo infantil.
Mas não quero dizer aqui, de forma alguma, que é a ilustração que define a escolha do livro, uma vez que sabemos da importância do texto escrito. O que gostaria de ponderar é também a importância do texto visual, sem deixar de considerar que a qualidade do texto escrito pode ser superior à do texto visual e vice versa.
Portanto, o melhor a se fazer é mostrar a capa do livro e conversar com as crianças sobre ela antes de iniciar a “contação”, isto é, antes de entrar na história. Fazendo assim, perguntas sobre:
- os desenhos que aparecem;
- a quantidade de cores;
- o assunto que imaginam que a narrativa traz, entre outros...
Trata-se de aguçar a imaginação e a construção de novos saberes a partir da capa e antes mesmo de realizar a contação. Depois disso, basta contá-la com energia, vontade e entonação!
As crianças ficarão curiosas e mais dispostas a ouvirem, sabe por quê? Porque elas criarão hipóteses sobre a história antes de conhecê-la e estarão mais dispostas a descobrirem se o que imaginaram estava presente ou não na narrativa.
E então, vamos tentar?
Na nossa próxima conversa, continuaremos falando sobre esse assunto.
Afinal, ele dá “pano para a manga”!
Um grande abraço e até a próxima!
Janayna.
Referências:
GROSSI, Maria Elisa de Araújo. A literatura infantil pelo olhar da criança. Tese - (Doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Educação. Belo Horizonte, 2018.
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