Olá, pessoal!

“Contar histórias vai além do efêmero, daquilo que dura somente um instante ou apenas um dia, significa conhecimento para toda a vida”

 

Nossas conversas têm demonstrado o quanto a Literatura Infantil é capaz de ampliar as possibilidades de expressão, de comunicação e, principalmente, de conhecimento de mundo das crianças. Dentro desse contexto, a contação de histórias constitui um momento de grande aprendizado em que os pequenos têm a oportunidade de pensar, de imaginar e de refletir, uma vez que as histórias oferecem um repertório que possibilita trabalhar as “múltiplas linguagens”, sejam elas visual, oral, escrita, das artes cênicas, entre outras.

Assim, a linguagem visual é trabalhada a partir da visualização das cores e dos desenhos presentes no livro; a oral, quando a criança se expressa a partir da história concordando, discordando e/ou fazendo apontamentos sobre a narrativa escutada; a escrita, ao ter o contato com o texto e entender que o que está sendo falado, está escrito em cada página; a das artes cênicas quando, espontaneamente, ela teatraliza a narrativa, imaginando ser um ou mais personagens...

A autora Joana Cavalcanti (2002) considera o ato de contar histórias uma arte milenar, pois este costume é tão antigo quanto o próprio homem. Isso mesmo! Desde que o ser humano surgiu na Terra, ele criou o hábito de contar casos e de usar a imaginação para explicar ou ensinar fatos da vida cotidiana. Todos nós possuímos a capacidade de sermos bons contadores de histórias para as nossas crianças.

Não é à toa que existe aquela expressão “quem ouve contos, janta”. Sabem por quê? Porque os contos sempre ocuparam um lugar importante dentro das práticas sociais e culturais dos povos, sustentando desejos, acalentando sonhos e trazendo a esperança de superar problemas do corpo e da alma. Com certeza, pelo menos uma vez na vida, já ouvimos uma história e tivemos a sensação de estarmos alimentados, nutridos pelo texto, pelas imagens, pela trama que a história nos convidou a vivenciar.

É assim que as narrativas literárias colaboram para que os pequenos construam, pouco a pouco, a sua identidade e a sua própria visão a respeito dos fatos. Mesmo porque, é durante as contações que eles desenvolvem a capacidade de refletir e de imaginar ao adentrar no texto narrado.

Mas para que isso ocorra, é necessário que sejamos contadores dispostos a trazer a magia por meio da nossa palavra, demonstrando, assim, disposição e motivação a partir da entonação de voz e do entusiasmo que existe dentro de nós. É preciso ainda preparar um ambiente aconchegante: sala, quarto, jardim, entre outros, bem como estabelecer um vínculo com o nosso ouvinte.

Já nos primórdios, essa preparação do local para se contar histórias era uma realidade, com o costume de se realizar contações ao redor do fogo ou da água, conforme a estação do ano. Segundo Cavalcanti (2002) a fogueira trazia um sentimento de proteção, pois junto ao fogo se estava a salvo dos animais e dos perigos do mundo. Já um riacho, uma fonte, uma lagoa, despertavam a sensação de purificação e de afastar os acontecimentos ruins.

Outro hábito que conservamos e que também está ligado à tradição é o de contar histórias à noite. Muitas pessoas acreditavam que esse seria o melhor horário, considerando que a escuridão esconde segredos improváveis de serem revelados antes do pôr do sol.

Deste modo, as narrativas clássicas como Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, A bela e a fera, ou as contemporâneas como O sítio do Picapau Amarelo, retratam muito mais que contos fantasiosos. Elas demonstram os modos de ser, de pensar e de viver das sociedades, isto é, seus costumes, seus valores, suas crenças. Ao ouvir essas histórias, as crianças entram em contato com a fantasia e, ao mesmo tempo, fazem relação com os fatos que ocorrem no cotidiano.

Contar histórias, portanto, vai além do efêmero, daquilo que dura somente um instante ou apenas um dia, significa conhecimento para toda a vida!

É por isso que ao contar histórias para uma criança, devemos respeitar o que ela já sabe, suas vivências e a sua forma de olhar o mundo, pois este é o ponto chave para que novos saberes sejam construídos a partir da literatura infantil. A contação deve ser um momento de troca de informações entre contador e ouvinte, em que o narrador conta a história e a criança desfruta da narrativa, imaginando e construindo significado sobre a leitura.

Conte uma história para sua criança, seja durante o dia ou à noite. O que vale agora é a sua disposição de encantá-la e convidá-la à reflexão.

 

Um forte abraço e até a próxima!

Janayna

 

Referências: 

Contar histórias: uma arte milenar - Joana Cavalcanti. In: CAVALCANTI, Joana. Caminhos da literatura infantil e juvenil: dinâmicas e vivências na ação pedagógica. São Paulo: Paulus, 2002.

 

 

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