Pais e mães se tornam professores(as) durante a pandemia:
                                                    que história é essa?

“Não fizemos a escolha de ser professor (a) da escola, mas podemos escolher ser professor(a) para a vida!”

Olá pessoal!

            Hoje vamos conversar sobre um tema que tem sido muito falado atualmente: a nova missão que foi delegada aos adultos sejam eles(as) pais, mães, avós, tios, tias,  de acompanhar as aulas e as tarefas escolares dos filhos, netas, sobrinhos, irmãs durante a pandemia.

            Talvez a palavra correta para essa nova atividade dos adultos que tem crianças em casa, não seja bem acompanhar, mais sim subsidiar, mediar, explicar... A questão é que para muitos(as) de nós, esse acompanhamento das atividades escolares tem sido um verdadeiro martírio....

            MAS O QUE FAZER SE NÃO TEMOS COMO FUGIR DESSE COMPROMISSO?

Só nos resta enfrentar, caso contrário, isso seria abandonar nossas crianças deixando-as “ao léu” em suas tarefas escolares, e nesse momento tão difícil, isso não seria justo, não é mesmo?

            Sabemos que esse momento tem sido desafiador para todos nós, imaginem então para as crianças, pois: se nós adultos, sentimos vontade de sair de casa para caminhar, para visitar nossos parentes, para ter uma vida social, talvez mais ainda nossos(as) pequenos sintam necessidade disso, pois estão em fase de crescimento e precisam se relacionar com seus pares, praticar esportes, viver a ludicidade, estar junto com seus colegas...

            Estamos todos sem acesso a essa convivência em sociedade, e isso ocorre, tanto para aqueles(as) que se encontram em quarentena, como para os que trabalham nos serviços essenciais e que fazem apenas o trajeto casa/trabalho.

            Então, se todos nós estamos enfrentando esse tempo difícil, não podemos nos render aos problemas das atividades escolares diárias de nossas crianças, pois elas são as que mais precisam do nosso apoio nesse momento. São os adultos a base necessária para que consigam acreditar em si mesmas e assim “dar conta” das tarefas que a escola envia.

            No entanto, vocês podem me dizer: sei que preciso apoiar meu filho, minha sobrinha, meu neto, minha afilhada... Mas... Eu não sou professor(a); Eu não tenho habilitação para isso; Eu não me lembro mais desse conteúdo da lição; Eu já tenho meus trabalhos de casa; Eu estou trabalhando home office e não dou conta; Minha atividade é essencial e vou trabalhar todos os dias; Ou até mesmo: se eu fizer tudo isso, vou enlouquecer!

            Pois bem, se vocês se viram pensando ou falando uma dessas frases, é hora de parar, respirar e refletir... sobre todos esses nossos desafios, para que assim, tenhamos condições de parar por alguns instantes e respirar fundo, até porque somente dessa maneira conseguiremos manter nossa saúde física e emocional estabelecida, haja vista que o desespero, a ansiedade e o nervosismo só irão nos tirar do nosso ponto de equilíbrio, trazendo prejuízos para nós e para aqueles que nos cercam, sobretudo se forem crianças. 

E, embora tenhamos todas essas responsabilidades, essas não podem ser justificativas para deixarmos nossas crianças de lado, em um momento em que, certamente, elas mais precisam de nós: do nosso afeto, da nossa compreensão, do nosso acompanhamento diário...

O QUE FAZER ENTÃO PARA “DAR CONTA” DE AUXILIAR NAS TAREFAS DA ESCOLA?

O primeiro passo, talvez seja, tirar da mente certas frases feitas como: “eu não consigo, eu não dou conta, ou eu não tenho paciência”. Digo talvez, porque cada um(a) de nós tem a sua realidade e, como estamos todos(as) vivendo uma situação de confinamento pela primeira vez na vida, creio que nenhum(a) de nós tenha uma “receita pronta” com os ingredientes  que orientam sobre a melhor forma de agir. Concordam?

Dentro desse contexto, o segundo passo, talvez seja, colocar a “mão na massa”...

Para isso, estabeleça um horário para acompanhar as atividades escolares junto as crianças, afinal, estabelecer uma rotina irá ajudar vocês, de um lado, a realizarem outros afazeres antes ou depois do horário marcado com os(as) pequenos(as) e, de outro, irá auxiliar seus filhos, suas sobrinhas, seus netos, suas irmãs a organizarem melhor o próprio tempo, uma vez que eles(as) também precisam ter a oportunidade de planejar o seu dia. Mesmo porque, apesar de ainda serem crianças necessitam dessa organização, haja vista que é importante que não se percam no tempo.

O terceiro e último passo é vocês adultos, auxiliarem as crianças de acordo com o conhecimento que suas próprias experiências lhe proporcionaram, cabe ainda, se for possível, realizar pesquisas em revistas, jornais, internet, entre outros, na busca de tentar relembrar aqueles conteúdos escolares que esquecemos com o passar do tempo, ou até mesmo que sequer aprendemos um dia na escola...

            Sou professora e entendo que o papel de um(a) docente não pode ser substituído, até porque além de muito estudo, nossa profissão exige especificidades que somente uma formação na área possibilita. Dessa maneira, o auxílio dos pais/mães nas lições não substitui a função de um(a) professor(a), mas ajuda, acolhe, e principalmente, demonstra a presença e a segurança que as crianças necessitam nesse momento, pois o familiar representa alguém que está ao lado delas em tempos tão difíceis.

Muito mais importante do que conseguirmos ensinar para as nossas crianças os saberes que devem ser aprendidos nas escolas, é fundamental entendermos que a nossa atitude de estar junto com elas durante as atividades, respeitando-as e colaborando no que for possível, é o que fará realmente a diferença, quando retornarem ao convívio escolar. Mesmo porque, uma criança que possui esse alicerce em casa, estará mais preparada para enfrentar os desafios que virão após pandemia. Além disso, todos nós sabemos que a família sempre foi e sempre será uma grande colaboradora dentro do processo de ensino e aprendizagem, pois o simples fato do núcleo familiar acompanhar o desenvolvimento escolar de sua criança, contribui imensamente para a ampliação do interesse pelos estudos. Portanto, esse não é o momento de pensar em desistir...

Antes de finalizar, gostaria de ressaltar que ao fazer a chamada para esse texto “Pais e mães se tornam professores(as) durante a pandemia: que história é essa?” Tive realmente a intenção de dizer a vocês, ao longo desta conversa, que essa história será construída por cada um de nós ao lado das nossas crianças... Mas, para isso, é preciso que entendamos que ao vivermos o presente estamos construindo os próximos dias que virão, e que estes precisam ser preenchidos com mais compreensão, com mais paciência, com mais escuta, com mais diálogo, com mais amor. Afinal, não fizemos a escolha de ser pais/mães professores da escola, mas podemos escolher ser pais/mães professores para a vida!

Minha percepção de vida enquanto mãe e professora é de que todos nós conseguiremos enfrentar esse momento se encararmos as dificuldades de frente: com firmeza e uma pitada de leveza... Somente com atitudes sensatas e responsáveis construiremos um pós-pandemia agregado de afetos e de aprendizagens verdadeiramente humanas.

Com um afetuoso abraço de otimismo e esperança!

Janayna.

 

Postagem anterior Postagem seguinte

9 comentários

  • VDMlzCpWRUQKvZen

  • rGqYzInBFo

  • ueJynWOkbxA

  • AcSRItaQj

  • Oi Vilma,
    Eu quem agradeço seu comentário e sua sensibilidade. Pensei mesmo em escrever um texto que nos fizesse pensar em nosso papel enquanto pais/mães/professores nesse momento tão difícil… Fico feliz que tenha gostado! Vamos (re)significar essa pandemina nos tornando professores(as) para a vida!

Deixe um comentário