“A leitura sempre é capaz de nos proporcionar grandes aprendizados. Mas, para isso: é preciso ter ‘olhos para ver e ouvidos para ouvir’”!

Olá, pessoal!

            Em tempos de pandemia e confinamento, fiquei buscando durante algum tempo um tema para a nossa conversa de hoje. Afinal, sobre o que é importante falar, nesse momento?

            Novamente sobre o coronavírus? Creio que vocês já devam estar um pouco cansados(as) desse assunto, e embora muitos de nós já saibam como se prevenir e se cuidar, ainda é preciso continuar ouvindo e escutando bastante sobre isto, pois a nossa saúde depende dessas informações. Porém, aqui no Blog vejo que é preciso falar sobre outras coisas, mesmo porque necessitamos relaxar e buscar novas leituras e novos olhares, não é mesmo?

            Pois bem, como a leitura tem sido minha grande companheira durante essa quarentena, comecei a pensar na importância dela para o nosso crescimento intelectual, cultural e até mesmo espiritual, bem como na necessidade de aproveitarmos esse tempo para lermos histórias para as nossas crianças.

NÃO É PRECISO SAIR DE CASA PARA VIAJAR E APRENDER. FIQUEM EM CASA!

Sempre conversamos por aqui a respeito da capacidade que a leitura tem de nos trazer novos saberes, portanto, ler para os(as) nossos(as) pequenos(as) significa abrir as portas para o conhecimento, bem como para que eles e elas desfrutem da possibilidade de visitar outros mundos e outras épocas sem sequer saírem do lugar... Afinal, não é preciso sair de casa para viajar e aprender, se escolhermos bons livros, uma vez que a leitura dá asas à nossa imaginação!

Dentro desse contexto, comecei então a refletir sobre o papel da leitura e de seu potencial em nos chamar a refletir, sendo capaz de provocar mudanças dentro de nós: em nossa forma de pensar, de agir e de ser. Já pararam para pensar nisso?

Pois é, enquanto eu confabulava em pensamento sobre tudo isso, de repente, me veio a lembrança de uma data muito importante, sabe qual é? O dia Nacional do Livro Infantil, que é comemorado em 18 de abril. Esta data é uma homenagem à José Renato Monteiro Lobato, ou simplesmente, Monteiro Lobato como muitos de nós o conhece.

18 DE ABRIL - DIA NACIONAL DO LIVRO INFANTIL

O chamado “pai” da Literatura Infantil Brasileira nasceu em 18 de abril de 1882 e ficou assim conhecido por sua forma de escrever para crianças, haja vista que foi o primeiro a conseguir romper com os padrões de escrita de uma Literatura Infantil importada da Europa, em que predominavam reis, rainhas, príncipes e princesas, dando lugar para personagens tipicamente brasileiros, ou seja, representados por crianças “reais”, afinal, quem não se lembra de Narizinho e Pedrinho?

Monteiro Lobato preocupava-se com a construção de uma identidade literária nacional, ou seja, com uma literatura escrita especialmente para as crianças do nosso país. Sua preocupação em escrever para os nossos(as) pequenos(as) se dava porque até os anos de 1920, praticamente o que eles(as) tinham para ler eram as narrativas europeias que, apesar de encantadoras, não se relacionavam com a realidade, tampouco com a nossa cultura. Lobato desejava escrever histórias com a “cara” do Brasil, demonstrando a importância de trazer para as crianças brasileiras pedacinhos dos costumes nacionais. E, de uma forma incrível, ele conseguiu realizar esse desejo ao criar o Sítio do Picapau Amarelo.

Com esta criação, Lobato de uma forma mágica e inspiradora, conseguiu romper com a imagem do castelo da Cinderela ou da Bela Adormecida, para dar lugar ao sítio, um espaço aconchegante onde a convivência em família se faz presente na relação entre avós e netos, e se vive um cotidiano muito mais próximo da criança brasileira daquela época.

Assim, o autor foi capaz de escrever histórias com as quais as crianças se identificavam, pois unia com maestria o real e a fantasia: por meio da Tia Nastácia com suas histórias e quitutes, Dona Benta com a sua doçura e paciência de avó, um Visconde feito de uma espiga de milho e Emília, uma boneca de pano que aprendeu a falar e a questionar tudo à sua volta... Com a personagem Emília, o escritor “deu voz” às crianças que, por volta de 100 anos atrás, poucas chances tinham para se expressar.

NASCIA UMA LITERATURA INFANTIL GENUINAMENTE NACIONAL

Monteiro Lobato trouxe, portanto, uma grande contribuição para que se efetivasse uma Literatura Infantil genuinamente nacional, trazendo tanto a nossa cultura para dentro dos livros infantis, quanto outros conhecimentos tão necessários ao mundo infantil, tais como as descobertas feitas pela Ciência, os mitos, as lendas e muito mais... E quem de nós não se lembra do Minotauro ou do Saci Pererê?

Pois é, Lobato tinha o dom de unir o real e o imaginário e de nos fazer viajar pelo mundo da imaginação. E, por suas histórias ele ficou conhecido mundialmente.

No entanto, a fama de Lobato não para por aí. Apesar de sua obra ter conquistado o coração de inúmeras crianças e também de muitos adultos no Brasil e no mundo, não podemos deixar de falar sobre as críticas recebidas pelo autor.

Sim, muitas histórias escritas por Monteiro Lobato foram consideradas de cunho racista devido à forma com que ele, algumas vezes, descrevia seus personagens.

Daí o papel e a importância do adulto como leitor/mediador do livro de literatura, pois é ele o responsável por ler a história e após essa leitura, conversar com a criança sobre o que ela achou da narrativa, sobre os valores ou desvalores trazidos pelo enredo, fazendo-a refletir sobre o bem e o mal, o certo e o errado, bem como sobre a necessidade de extinguirmos atitudes racistas da nossa sociedade.

Portanto, podemos sim ler os livros de Monteiro Lobato para as nossas crianças, uma vez que eles trazem novos conhecimentos, nos apresentam tradições, aguçam a imaginação, a criatividade, despertando o lúdico em cada um de nós por meio da alegria, do entusiasmo e da diversão. Para isso, basta que tenhamos criticidade e demonstremos à elas que é preciso refletir profundamente sobre tudo que lemos e escutamos. Somente assim conseguiremos formar crianças críticas, com senso de justiça e capazes de respeitar a diversidade. Não é mesmo?

E aí? Me conta: vocês têm lido para suas crianças nessa quarentena? As têm incentivado a fazer leituras? Olha lá, hein! Espero que sim...

Escreva aqui no Blog então: quais leituras vocês têm realizado?

E vou deixar uma dica: busquem uma história de Monteiro Lobato para ler com seus filhos, suas sobrinhas, seus afilhados, suas primas, seus irmãos... E, se por acaso vocês não estiverem juntos na mesma casa, que tal utilizarem o telefone, o Skype ou uma chamada de vídeo? Tenho certeza que boas lições vocês encontrarão por lá.... E se não concordarem com algo que apareça na narrativa de Lobato, conversem, discordem e reflitam...

Afinal, não temos que aprovar tudo o que os autores dos livros nos trazem, não é mesmo? É por esse motivo que a leitura sempre nos proporciona um grande aprendizado, mas para isso, é preciso ter “olhos para ver e ouvidos para ouvir”!

Um grande abraço e até a próxima pessoal!

Janayna.

Referências:

COELHO, Nelly Novaes. Brasil – Século XX- Monteiro Lobato, um marco. São Paulo: Ática, 1991.

 

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